Uso diário da racionalidade

Por: Márcio Alexandre da Silva

Usamos a razão cotidianamente e nem percebemos.

Certa vez fui testemunha de um acidente de trânsito. O automóvel cruzou a preferencial da motocicleta. A polícia e o regaste chegaram ao local. A reação das testemunhas e populares foi unânime no argumento: “O motorista do carro não teve razão, pois, cruzou preferencial e a frente da motocicleta”.

Os observadores e testemunhas usaram o conceito de “razão”. No entanto enfatizamos que essa razão argumentada pelos moradores, não pode ser confundida com a “racionalidade filosófica”.

Obviamente que os indivíduos usando elementos do senso comum-filosófico, na tentativa de acenar que o motorista do automóvel agiu irracionalmente, ou seja, sem pensar. Isso é um exemplo de como temos uma visão genérica da racionalidade.

Outro fato nos ajuda a aplicarmos razão no nosso dia-a-dia. No início do século XXI, o Brasil passou por uma crise, que a mídia denominou “apagão elétrico”, essa se agravou pelos anos de 2001 e 2002. Qual foi o comportamento naquela ocasião? Tanto governo, quanto imprensas recomendaram o “racionamento” de energia. O que isso significa efetivamente? Implica que as pessoas deveriam usar adequadamente e comedidamente a eletricidade. Racionalidade nesse caso é o mesmo do que saber usar com inteligência.

O mundo passa por uma crise ambiental global. Ouvimos frequentemente orientações para usarmos racionalmente a água. Sob forte e importante argumento: que esse bem natural findará mais rapidamente se não soubermos utilizá-lo.

Quem lê, vê ou ouve noticiários, sobretudo os esportivos, se recorda [Recordar é usar um dos atributos da racionalidade.] do polêmico jogador de futebol Edmundo. Devido o seu comportamento temperamental, briguento e agressivo, não sem motivo o atleta foi apelidado pela impressa esportiva de “animal”. O que esse apelido impactante e do senso comum quer afirmar? Em outras palavras e de outros modos: que ele era irracional, ou tinha comportamento como tal. Não raciocinava antes de agir, ou seja, não pensava muito nos seus atos e atitudes. Embora o homem seja um animal, racional, até que se prove o contrário.

Você já brigou ou discutiu com alguém? Mesmo que seja de forma verbal. Quase todas as nossas brigas são atitudes impensadas. E o que acontece quando você reflete e concluí: “Fulano estava com a razão! Equivoquei-me”. Admitir que se precipitou e que sicrano estava correto [com a razão] isso é o mesmo que dizer que você agiu inreflexivamente.

Provavelmente você conhece uma criança, seja seu irmão, primo ou conhecido que esteja na fase que os psicólogos chamam de porquês? Esse é o início da descoberta do mundo a sua volta e da sua capacidade intelectiva e racional. Portanto, não freie esses instintos de questionamento ao contrário perceba como as crianças descobrem o universo a sua volta através da importante arma da racionalidade e suas perguntas.

Hurssel diz que os gregos começaram a aventura da razão e nós temos a incumbência de aperfeiçoar ainda mais as aventuras racionais da humanidade.

Nessas eleições use a sua racionalidade [capacidade pensante] para votar em políticos que faça opção pela vida, tenha valores morais e éticos.

Filosofia da Libertação

Por Márcio Alexandre da Silva

Algumas argumentações são válidas para justificar uma filosofia Latino-Americana.
Imaginamos um filósofo ou uma filosofia elaborada em outro período. Será que essa teoria pode ser aplicada na nossa realidade?

Podemos questionar: de onde surgiram os grandes filósofos? Os principais filósofos estudados são: gregos, italianos, franceses, alemães e norte-americanos.

É contra essa hegemonia do pensar e desse eixo de pensamento, que justifica o surgimento da Filosofia da Libertação – um pensamento a partir da nossa realidade.

Os filósofos da Libertação não admitem, que por conta da forte carga contextual, histórico e política sofrida pela maioria dos países da América Latina, onde sempre fomos oprimidos, que nós latino-americanos não devemos reproduzir o nosso próprio modo de pensar. Já somos submissos economicamente, culturalmente, tecnologicamente... ainda querem nos impor nosso modo e jeito de pensar. Precisamos ter autonomia filosófica.

Por isso, é que se fez necessário o surgimento de uma filosofia próxima e ligada ao contexto histórico e real do nosso emergente continente. E que outra filosofia deveria surgir em terra tão explorara e escravizada pelos grandes países desenvolvidos, senão a Filosofia da Libertação?

Libertar o povo da opressão, do medo e da incerteza e da própria dependência dos desenvolvidos.

Os europeus invadiram o nosso continente, e não descobriram como muito dizem – ou querem afirmar. Então se fomos escravizados e explorados por homens, devemos ser libertos por homem – esse é o eco da Filosofia da Libertação. Ou seja, somente o ser humano explorado, e consciente dessa alienação poderá mudar o contexto e libertar definitivamente a América explorada.

Se retomarmos toda a história de colonização da América, veremos á exploração em todas as esferas. Fomos e somos roubados. Desculpem explorados, tanto humanamente, quanto biologicamente – cadê nossas riquezas naturais e minerais. Além de tudo somos mão de obra barata.

Por curiosidade fui numa entidade de curso superior de Filosofia, não revelarei o nome por questão ética. Nessa instituição indaguei: por que a Filosofia da Libertação não entrava na grade como Filosofia da América ou Filosofia Continental? O diretor do curso contra argumentou dizendo: depois da Filosofia Metafísica do sujeito moderno não se fez mais filosofia.

É como se a história da filosofia houvesse estagnado nesse período. Isso é passível de muito debate.

O nosso povo conhece como ninguém o que é passar fome, ser humilhado e desprovido de dignidade.

Penso que é necessário uma corrente filosófica que realmente contemple os problemas da nossa realidade.

A Filosofia da Libertação não é uma forma mágica, mas um bom ponto de partida.