Paz e Atitude

Esclareço que não sou desfavorável a conselhos, simpósios, passeatas e debates contra a violência e a favor da paz. Mas, esses acontecimentos abordam apenas parte da problemática. A violência é o efeito de alguma causa que deve ser tratada com ações. A Paz se faz com atitude!

Na filosofia existe a lei de causalidade (causa e efeito). Espinoza (1632 – 1677) acena que se enfrentamos com seriedade o problema, compreenderemos com ele foi produzido, ou seja, qual a gênese da problemática (buscar a causa da violência)? O filósofo alemão Leibniz (1646 – 1716) disse que nada existe que não tenha uma causa, confirmando a tese de que a violência tem a sua causa... Qual ou quais?

Os antigos (gregos e romanos) e os medievais definiram a causa em quatro (material, formal, eficiente e final). Os modernos priorizaram duas: eficiente – ligação direta entre causa e efeito. A origem da violência esta intimamente ligada com os seus efeitos: e causa final – seres livres agem para uma finalidade. Qual o objetivo de conhecer as causas das violências? Senão apresentar soluções de paz.

Quais são as causas da violência? Seria a deseducação geral, desestruturadas familiar, sociedade apática e estado indiferente. Cada um definirá como queira.

Os efeitos são os reflexos da violência que percebemos cotidianamente, desde falta de educação de uma atendente de loja [...] ao crime hediondo.

Como agir contra a violência e a favor da paz? As ações devem ser simples.

Precisamos mudar a mentalidade a apregoar a cultura da paz. Não há fórmulas mágicas para Paz. Comece por você: trate melhor seu empregado, patrão, cliente; respeite as leis de trânsitos. Comece por você e não a cobrar atitude dos outros. Seja educado! E eduque ou reeduque seus filhos ou as crianças que você conhece – essa regra vale para todos. Não precisa dar as pessoas um tratado sobre ética de Aristóteles ou moral de Kant, não, não é isso! É necessário ensinar coisas simples – sobretudo a crianças. Ensinar a pedir, por favor, com licença, obrigado, desculpas e muitas outras palavras que abrem relações harmônicas e sadias. Concordo com o filósofo Pitágoras “Eduque as crianças e não precisará punir os homens”.

Nas escolas infelizmente, linguajar tais como: “Vai tomar naquele lugar”, tornou-se artigo de luxo, “Sua mãe é uma arrombada” é uma oração diária. Além de outras agressões verbais e físicas. Confesso que em todo o meu período de magistério nunca ouvi ou vi nenhuma professora ou professor ter semelhante comportamento ou usar esses verbetes. Esse comportamento vem de casa ou pior da rua! Mas, a questão não é achar culpados e sim soluções!

O que fazer com os problemas de violência que temos na sociedade? Esperar as crianças educadas crescerem!? Aqui esta o nó, que embaraça as relações sociais. Segundo Foucault: “Nós não somos frutos de teorias, somos frutos de práticas sociais adquiridas culturalmente”. A violência é gerada no meio da sociedade, que por sua vez não consegue administrar suas próprias mazelas e exclui as pessoas. Deve haver comprometimento de todos (governo e sociedade), para implantações de políticas públicas, projetos sociais e educacionais. E qualquer atitude que resgate a dignidade e cidadania, momentaneamente são as melhores soluções.

A melodia “Nós queremos paz”, diz: “Peço agora, paz! Esse grito eu não vou calar como não calo uma oração. Paz! Nós queremos paz! Quem deseja faz acontecer não fica esperando em vão”. (Compositores - Joana, Marcos Neto, Ronaldo Monteiro de Souza).

Findo esse citando parte da belíssima música interpretada por Joana e mencionada acima: “Eu não quero só sobreviver. Quero a plenitude do viver.”

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP). Contato: marciobressane@hotmail.com

Amor x Sexo

O maior erro que alguns meios de comunicações cometem, sobretudo os de repercussão nacional, é a comum confusão entre sexo e amor. Esse caos mental é propagado propositalmente para confundir as pessoas, especificamente os jovens e adolescentes – quase sempre explorados por interesses egoístas numa sociedade hedonista. O equívoco de muitos é a aceitação da ideia vendida de que sexo é amor. Sem dúvida o sexo é parte vital do ser humano, mas não é tudo como muitos pensam... ou querem demonstrar e impor.

Sexo e amor são distintos: o primeiro [sexo] é algo carnal, instintivo, libidinoso que pode e deve ser feito com amor, mas não esgota a essência do amor. O segundo [amor] é algo metafísico, transcende o mundo físico, é uma estética que ultrapassa a razão humana; algo considerado por alguns como divino – para os cristãos “Deus é amor” (1 Jo 4, 8).

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 –1900) orienta que antes de duas pessoas se casarem deveriam interrogar-se: teremos prazer em conversar por toda a nossa vida, até que a morte nos separe! Sim ou não? Se sim, convém casar-se. Se não, evite o casamento, ao menos com essa pessoa, pondera o pensador alemão. A afirmação anterior ganha peso pelo fato do sexo ser efêmero. No futuro restará apenas à conversa e a amizade. O sexo é importante, mas, casar-se somente pela atração sexual é pouco [...] é um reducionismo brutal da belíssima sexualidade humana. Embora Nietzsche tenha afirmado que o cristianismo deu veneno ao Eros, não o matou, mas tornou esse [Eros] um vício na mentalidade cristã. Considero a ressalva nietzschiana importante, no entanto, pondero que a Igreja ou a Religião com sua sabedoria doutrinal e histórica, não tornaria amarga, uma das coisas belíssima da natureza humana [sexualidade], se não fosse por prudência e preocupação com o ser humano.

O escritor mineiro Rubem Alves (1933) diz que o diálogo deve ser o fio condutor dos relacionamentos – principalmente entre casais O educador defende dois tipos de conversa: a tênis; em que o propósito é tirar o outro da jogada. Essa deveria ser evitada em todas as relações. E a frescobol; que a finalidade ou intenção é manter o outro no jogo, quanto maior a afinidade, melhor o desempenho. Nos relacionamentos devemos sempre primar pelas conversas frescobol, elevando sempre a auto-estima da pessoa que estamos relacionando ou conversando.

Pensemos nos nossos relacionamentos? Estamos tendo conversas que ajudam as pessoas a elevarem sua auto-estima? E quem busca o matrimônio, esta disposto a conversar com essa pessoa pelo resto de suas vidas? Usamos de forma equilibrada, comedida e ponderada nossa sexualidade?

Algumas pessoas usam sua genitalidade desmedidamente e acabam usando outras pessoas como objetos e não como seres humanos! Essa atitude é antiética e imoral, antes de qualquer preceito religioso ou doutrinal...

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP). Contato: marciobressane@hotmail.com

Política

Como trabalhar o tema política em sala de aula? Difícil? Porém não é impossível!

O pensador político Aristóteles, nascido em Estagira em (384 a.C. - 322 a.C.) empirista; doutrina que atribui à experiência como origem dos conhecimentos – também os políticos. É pela experiência que o ser humano tornar-se “ser político”. Ele refuta o mundo das ideias, defendidas por Platão – teoria da dualidade dos dois mundos (sensíveis e inteligíveis). Aristóteles não concorda com seu mestre Platão de que o mundo sensível é a degradação do mundo inteligível. A política para Aristóteles é aplicável na realidade concreta. Para o pensador toda cidade é a comunidade que busca o bem de todos. A necessidade natural, fez com que eles se reunissem em cidades, tornando-se assim “A primeira comunidade de várias famílias para satisfação de algo, mas que as simples necessidades diárias constituem um povoado” a cidade é uma experiência, um caminho traçado para a auto-suficiência.

Ele distingue duas formas de ciências: teoria e pratica, sendo a primeira [teoria] metafísica e matemática e segunda [prática] ética e política que estamos aprofundando nesse artigo. As ciências práticas referem à atividade política. Se a ética define o que é o bem. A política é os esforços para que o bem seja efetivado. Pois, o homem é um animal político (zoon politikon).

Aprofundaremos dois aspectos da teoria aristotélica, assim ficando: a necessidades das cidades e o ser humano como animal político:

Primeiro: as cidades trouxeram vantagens para a sociedade, mas, com elas [cidades] vimos descaradamente à segregação entre classes, a crescente desigualdade social que culmina e trágicos aumentos de violências e indiferença. Embora não devemos confundir a proposta da cidade grega com as cidades modernas. Mas devemos com essas provocações refletir, como estão as nossas cidades? São habitáveis? Os políticos visam o bem de nossas cidades?

Segundo: como afirmar que o homem é um animal político se poucas pessoas se interessam pela política? Pelo simples fato de que todo ser humano é dotado de racionalidade.

Como o objetivo da política é buscar o bem de todos. Como esse bem pode ser alcançado se senadores recebem benefícios que não eram direitos deles (auxílio moradia) e depois diz que não sabia e que devolverá o montante – e se isso não fosse descoberto? E muito outros abusos de políticos... A resolução dessa problemática esta na associação que muitos fazem, ligando a política única e exclusivamente aos políticos. Esses [políticos] fazem parte da política, mas não é essencial. O primordial é nossa consciência política em cobrarmos infra-estrutura, saúde, educação e outros benefícios.
Você exercita sua consciência política? Efetivando melhoras na sua escola, bairro e sociedade?

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP). Contato: marciobressane@hotmail.com