Amizade

Desculpe a ousadia literária e filosófica, mas considero o livro de Antoine de Saint-Exupéry “O Pequeno Príncipe”, um tratado literal sobre a amizade. Esse tema filosófico [amizade] define o ser filósofo e a filosofia: amigo do saber ou amizade pela sabedoria.

Essa obra, narra à história de um aviador que cai no deserto do Sahara e conhece um Pequeno Príncipe de um minúsculo Planeta. À parte do diálogo com a raposa, é a síntese desse tratado sobre amizade. A raposa aparece num lindo jardim florido. O menino a convida para brincar. A raposa exclama: “não posso brincar contigo, pois ainda não me cativou!” E prossegue: “ser cativado é ser único um para o outro...”, diz a raposa.

Num determinado momento da trama eles se despedem: O príncipe disse: “Você quis que eu a cativasse, agora estou indo embora e você esta chateadas?! Não acha que foi perda de tempo?”. “Não!” Diz a raposa: “você me fez sentir muito importante”. Alguns amigos e amigas nos cativam depois partem. O menino príncipe diz em tom de responsabilidade: “estranho, mas, depois de tudo isso, agora me sinto responsável por você”. Isso é natural que aconteça enfatiza a raposa, “Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas”. Eles encerram o momento com a raposa trazendo-lhe um presente, um segredo num papel escrito “Só se vê com clareza com o coração.

O essencial é invisível para os olhos”. Esse é o fio de ouro que deve perpassar todas as amizades, precisamos conhecer com o coração, ou seja, o interior das pessoas, pois o exterior é muito manipulável, fácil de camuflar, retocar, mas o íntimo é identidade secreta de cada ser humano, decifrável pelos apenas pelos amigos e amigas.

Na verdade essa obra é um grito ecoando que o ser humano não tem tempo para conhecer os outros e ter amigos. Sempre empenhado nos seus afazeres. Nós encontramos tudo pronto, compramos desde feijão cozido... a trabalho pela internet, mas como diz Saint-Exupéry. “Como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”, e conseqüentemente boas amizades, pois para ser e ter um grande amigo é preciso cativar e, CATIVAR É AMAR. Sabe por que é difícil exercitar a arte do amor? Porque nos tornamos totalmente responsáveis por aqueles e aquelas que cativamos.

Sugiro que leia a obra “O Pequeno Príncipe” ou ao menos assistiam ao filme. Precisamos resgatar e valorizar as sinceras e profundas amizades. Por que “Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Discussão filosófica:
Como estamos valorizando nossa amizade pelo saber e sabedoria?
Como consideramos nossos amigos e amigas? Cultivamos bons relacionamentos?

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP). Contato: marciobressane@hotmail.com

A importância da consciência negra e das cotas

No mundo em que vivemos, podemos afirmar que os negros são constantemente discriminados, excluídos.

Embora a afirmação anterior de exclusão dos negros, percebemos que algumas coisas esta mudando. Os negros já estão em maior número nas faculdades (embora ainda não seja o desejável). Com o ingresso na faculdade diminui a distância entre negros e brancos na questão profissional, ainda muito distante do ideal.

Mas o fato de os negros ingressarem na faculdade pela questão da cota, não podemos desconsiderar os constrangimentos que as pessoas precisam se submeter para provarem que são negras. Isso gera mais discriminação e preconceito?

Embora todos os prós e contras sou extremante favorável a cotas para o negros, pois temos com eles uma dívida histórica. Desde que esse processo não gere mais preconceitos e constrangimentos a eles.

Embora os dados demonstrem que a discriminação reduziu o que você pensa desse fragmento a seguir:

“Dudu Nobre e a mulher, Adriana Bombom, registraram queixa por racismo, injúria e tentativa de agressão por dois comissários da American Airlines na volta de Nova York. Dudu disse que um deles imitou macaco. A Polícia Federal indiciou comissários.” (São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008 – Folha on-line).

Alguns questionamentos podem ser feitos, tais como: Você se considera afro-descendente? Se afro-descendente, você tem vergonha de assumir a sua negritude? Por quê? Já sofreu algum tipo de preconceito por causa da sua cor? Cite pelo menos três se já sofreu. Como se comportou? O que achas da cota para negros nas universidades? O que você diria a uma pessoa racista?

Esse fragmento foi baseado nos Cadernos de Exercícios (n. 22) da Revista Filosofia Ciência & Vida da Editora Escala.

Outras informações podem ser obtidas pelo endereço eletrônico: filosofia@escala.com.br. Ou pelo site: http://www.escala.com.br.

Tanto esse Blog, quanto os Cadernos de Exercícios, servem de apoio para os professores em sala de aula ou outros ambientes acadêmicos, sobretudo no Ensino Médio.
Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP). Contato: marciobressane@hotmail.com

TEMPO...

“Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.”

(Trecho da musica Vida de Gado)

Leva-se tempo, mas com o tempo percebemos, primeiro que nunca temos tempo e segundo o tempo sempre nos faltará.

Percebi que nunca temos tempo para visitar um amigo, ou ouvir uma música. Mas um dia esse tempo acabará mesmo, daí não visitaremos mais amigos nem ouviremos músicas preferidas, pois terá findado o nosso tempo. Por que nunca temos tempo? Não temos tempo de ter tempo...

Com o tempo percebemos duas novidades:

A primeira é que estão trocando especialistas da saúde, pelo doutor google.
A segunda é que um bom programa, às vezes pode ser dormir.

Não podemos esquecer que mesmo descobrindo coisas novas, esquecemos coisas velhas e, as redescobrindo e percebemos que descobrimos novamente. Ironia? Não! Dialética hegeliana.

É preciso reaprender a descobrir e perceber que com o tempo somos chamados a ter atitudes simples, mas que pode nos provocar grandes mudanças de comportamento, tais como:

Primeiro: ficar na praça contemplando a beleza da natureza e da vida.
Segundo: olhar mais pela janela, antes de tomarmos alguma decisão séria.
Terceiro: perceber que o Galvão Bueno não é o único locutor esportivo no mundo.
Quarto: que as novelas globais são a maior mentira contada pela TV aberta, e pior ainda, paga com nosso dinheiro, vindo dos lucros com as propagandas.

Esses olhares para vida, não precisa necessariamente ser nessa ordem.

É preciso reaprender a descobrir que:

Para ser rei no Brasil, não precisa ter súdito ou território, basta ser patrocinado pela mídia que você será o rei do futebol como Pelé, o rei da música como Roberto Carlos e maior aberração monárquica a Rainha dos baixinhos, Xuxa.

Embora sabemos e percebemos tudo isso, o que fazemos para mudar essa realidade?

“Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz”

(Refrão da música Vida de Gado)

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP). Contato: marciobressane@hotmail.com

Um bem precioso

Costumo dizer que: “A minha maior riqueza é o meu conhecimento, por isso sou muito pobre”. Por que sempre devo estar buscando conhecer.

Vivemos numa sociedade extremamente consumista, e até os mais conscientes e informados sabem da influência da mídia sobre nossa vontade psicológica de comprar. É um carro novo que me fará mais feliz, um aparelho que me tornará mais globalizado, ou uma roupa que abrirá um círculo de relações que eu jamais poderia alcançar. O marketing psicológico das empresas sabe bem o que nós consumidores precisamos.

Hoje não se investe num bem maior. Bem esse que não há ladrão, ou pessoa que consiga roubar. Penso que a nossa maior riqueza, é o nosso CONHECIMENTO e o SABER.

A maior alusão a esses dois temas correlacionados, encontramos no mito da caverna de Platão, alegoricamente ele diz: havia seres acorrentados dentro de uma caverna e entre a saída incline havia uma fogueira, fazendo com que eles vissem apenas as sombras das coisas, um dia um deles se libertou, e contemplou a luz da verdade, e descobriu que eles viam aspectos da realidade; e tentando libertar os outros, e acabou sendo morto.

Só conhecemos a realidade e a verdade por meio da luz do “conhecimento” e do “saber”. É o processo platônico de saída da caverna da nossa ignorância para sabedoria, do senso comum para o crítico, do pensamento de massa para a autonomia do pensar. Enfim, sabedoria e o saber são bens guardados no mais íntimo do nosso consciente. A sabedoria se encontra no cofre secreto do nosso interior.

Ser sábio, não é saber levar vantagem em tudo, mas aprender a perder. Nós, seres humanos, não estamos preparados nem educados para perder; e perder é ceder, e ceder na maioria das vezes é rebaixar-se; e rebaixar-se nunca é visto como um gesto de humildade, mas como derrota.

Ser sábio é saber ser humilde nos momentos oportunos, e saber reivindicar nossos direitos quando necessário. O conhecimento causa comportamentos estranhos nas pessoas. Algumas preferem demonstrar a todos o que sabem, tornando-se às vezes soberbos. Outros não admitem não ter o tão precioso bem, se tornado humilde (Sei que nada sei – Sócrates). Confesso que admiro o segundo, embora às vezes me comporte como o primeiro. Reafirmo que esse bem é considerado num plano cultural, existencial e antropológico. Pois num plano espiritual o nosso maior bem é o “transcendente filosófico”.

O nosso CONHECIMENTO e SABER são riquezas que levaremos conosco até a nossa morte, os meus bens físicos, que são poucos, não levarei comigo. Mas o que eu aprendi ninguém poderá tirar de mim. Por isso findo reafirmando: “A minha maior riqueza é o meu conhecimento, por isso sou muito pobre, pois tenho muito a conhecer”.

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo)